Comércio Justo
Sabia que os ténis que calçamos foram fabricados por pessoas
que trabalham cerca de 16 horas ou mais por dia?
Sabia que as bolas com que jogamos foi
cosida, muito provavelmente, por uma criança de 6 anos?
Sabia que por um pacote de café no valo de
2.20€ o produtor, sim... aquele que trabalhou de noite e dia
para produzir os grãos, só recebe 0.09€ por pacote de café
vendido? Sabia que no
México até mesmo os grandes produtores de milho comem milho
vindo dos Estado Unidos tendo os seus campos carregados de
maçarocas sem ter para onde as escoar?
Todos nós sabemos as quantidades de laranja
do Algarve, castanha, batata, tomate, etc. que apodrecem ou
são vendidas ao desbarato para não se perder tudo no nosso
Portugal. Sabia que
podemos saber o nome do país e da pessoa que bordou a
camisola que compramos?
Provavelmente, poucas são as pessoas que
fazem ideia das coisas que atrás foram descritas, porque
para a maior parte de nós o importante é consumir sem dar
grande importância aos factores que estiveram envolvidos no
fabrico dos bens, nomeadamente, os meios de produção
(matérias-primas, máquinas, etc.) e o mais importante a
força de trabalho (mão-de-obra).
Conforme foi dito anteriormente é possível
mudar este cenário de «egoísmo» e foi com esse intuito que
surgiu o designado «Comércio Justo».
Tal como o nome indica é uma ONG (Organização
Não Governamental) baseada no diálogo, transparência e
respeito pelas pessoas, legislação e meio ambiente para que
sejam respeitados os direitos quer dos produtores, quer dos
trabalhadores, isto é, para que o produto seja vendido é
necessário que o produtor e todos os envolvidos na produção
dos bens e serviços sejam justamente remunerados.
Teoricamente as cooperativas interessadas no
produto dirigem-se ao produtor e para que um possível
negócio seja concretizado é necessário que a relação entre
camponeses e produtores cumpram os seguintes critérios:
- Deve ser garantido um salário justo pelo seu trabalho;
- Parte dos lucros da produção devem ser aplicados na
satisfação das necessidades básicas das suas comunidades,
por exemplo, na educação, saúde, formação profissional, etc.
- Não existir exploração infantil;
- Promove-se:
- As decisões devem ser tomadas democraticamente;
- A igualdade entre mulheres e homens;
- A protecção do ambiente.
O curioso destes negócios é que a abordagem dos compradores
resume-se a «Nós não pagamos menos do que...» ao contrário
do que se ouve hoje em dia em que o grande objectivo é pagar
o menos possível pelos produtos e «...se quer, quer, caso
contrário fica com a produção no armazém.».
Graças a esta situação de quase ou até mesmo de exploração é
normal que nos surja a pergunta «Mas como é que eu posso
ajudar?».
É
muito simples, existem lojas de Comércio Justo nas
quais podemos adquirir uma grande variedade de produtos
alimentares (café, chá, chocolates, etc.) e artesanais
(colares, roupa, instrumentos musicais, etc.), mas como é
óbvio não é necessário que compremos tudo, basta definir,
por exemplo, que a partir de agora só começo a consumir café
ou biscoitos só dessas lojas e ao mesmo tempo promover esta
ideia pelos amigos, familiares e conhecidos, porque o
objectivo é que as pessoas se comecem a preocupar com o
processo de fabrico dos bens compram e talvez, assim, os
grandes empresários que enriquecem com o esforço de outros
percebam que têm de mudar a sua atitude. Que
garantias tem o consumidor de que o produto comprado é de
Comércio justo?
Foi por isso que surgiram as organizações de etiquetagem.
Estas estão responsáveis pela fiscalização e colocação de
certificados como prova de que todos os países envolvidos no
ciclo produtivo cumpriam todos os requisitos para que os
bens chegassem até nós e fossem justamente pagos pelo
trabalho que deram.
Em suma, admitamos que à
primeira vista este objectivo parece um pouco utópico, mas
se ficarmos parados sem fazer nada, então ai sim a ideia não
vai dar mesmo frutos nem que estes sejam pequeninos, por
isso, com o esforço de todos podemos começar a fazer a
diferença. Na Paróquia de São Pedro no Prior
Velho já iniciamos o Projecto Comércio Justo com o
funcionamento de uma Banca de Comércio Justo, desde o dia 25
de Novembro de 2006 durante todos os fins-de-semana até ao
dia 17 de Dezembro, mas agora só irá estar aberta pelo menos
num só fim-de-semana de cada mês. Felizmente,
esta nossa iniciativa foi muito bem aceite pela comunidade e
esperando que a diferença comece a fazer-se sentir de forma
crescente...
A Nossa Banca de Comércio Justo
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