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Irmãzinhas de Jesus

Uma experiência de vida

Partilhar uma experiência de vida...
É quase incomunicável !...
Sabemos no entanto, que quando nos deixamos conduzir cegamente por Deus,
os sonhos se realizam !...

    

Desde 13 de Junho de 1982 até 10 de Fevereiro de 1991 vivemos numa "vila" em frente à paragem dos autocarros.

O Prior Velho não era o que é hoje !
Esboçava-se já uma mudança !
Em Julho de 1990 as máquinas varrem os quintais de muita gente...

    

Sabemos da existência de um terreno clandestino na Quinta da Serra de Baixo. Tínhamos lá conhecidos e amigos.

Como fazermo-nos próximos e viver com essas pessoas morando sem as mínimas condições ?

Era a época de férias.
Devíamos fechar a nossa pequena Fraternidade (nome dado às nossas casas e também o nome da nossa Congregação religiosa).
Hesitámos em partir... Pensávamos que, sem a nossa presença, nada aconteceria !....
Mas partimos...
De regresso, a 4 de Setembro de 1990, às 16.30 h, quando estávamos para desfazer as malas, chegaram o Rudolfo, a Milu e a Lídia. E disseram:

"Irmãzinhas, arranjámos um pedaço de terreno para vós; venham vê-lo esta noite !..."

    

Claramente percebemos que dar a confiança aos nossos amigos é o mesmo que entregar-se nas mãos de Deus.
A 16 de Setembro, em casa do Rudolfo, acerta-se a construção. Toda a gente puxa pela cabeça !...

    

    

Os nossos amigos comprometem-se a construir connosco a Fraternidade, aos domingos.
Rapidamente se limpa o terreno.

Nessa altura ninguém fazia a sua casa sozinho.
Os domingos eram dias de grande solidariedade e convívio. Celebrávamos a VIDA !

"É de rebentar com um homem !
Quem anda a chapar massa e a rebocar... isto é duro !...

Ir à Igreja não tenho vagar !
Ajudar alguns amigos a fazer a sua casita, isto está bem !"

P’ra que é que há-de estar com tanto trabalho !
E depois se isso vai abaixo ?!"


"Um pobre gritou; Vós o ouvistes, Senhor !"

(Salmo da Quinta da Serra)

Nunca foi necessário combinar quem estaria disponível, ainda que algumas vezes tivéssemos de esperar quase até ao meio-dia que alguém chegasse. Pois, nestes tempos, os homens trabalhavam 10 e mais horas por dia, toda a semana.

    

As mulheres conhecedoras e desembaraçadas, ensinaram-nos e muitas vezes cozinharam connosco a "cachupa" sustentadora e reparadora de forças.

    

E assim se iniciou e continuou uma maravilhosa história de convivência...
Fomos acolhidas, aceites e tornámo-nos vizinhas !

O tijolo chegou. Há trabalho para todas as forças. As crianças a brincar também nos querem ajudar.

    

    

E todos têm lugar!

O Tó e a Lena, amigos de longa data, o Custódio, o Nelo, as irmãzinhas de outras fraternidades... vieram solidarizar-se connosco e pela primeira vez fomos nós todos a aprender com os nossos vizinhos.
Uma ponte era lançada !

    

O Pe. Valentim ainda não era o nosso pároco, mas já estava no terreno...

    

E pouco a pouco a casa e a amizade cresciam juntas numa completa e gratuita entreajuda...

    

    

O tecto e o reboco interior foram acabados antes do mau tempo iniciar.

    

Chegámos no dia 11 de Fevereiro de 1991.
Era dia de Carnaval.
Chovia que Deus a dava.
Foi uma "passagem" comovedora...

Logo aprendemos com os vizinhos a esticar 500 metros de mangueira para encher os bidões de água; e também a resistir aos repetitivos cortes de electricidade... apesar de, em 1989, ter sido concedida autorização para instalação de electricidade a título precário.
Curiosamente, nesta altura, quase todos tinham telefone legalmente instalado nas suas barracas...

No dia 7 de Abril de 1991 convidámos os nossos amigos "de cima e de cá" para celebrarmos a Fraternidade em construção. Só no largo se encontrou lugar para todos.
Queríamos solenizar a vida dura do dia a dia
VIDA ONDE DEUS ESTÁ
Foi um longo cortejo de oferendas "é só queli qui nu teni": o balde de água, o cesto do peixe, a bacia da roupa lavada, a criança nas costas, a pá do pedreiro...

    

E, na consagração, o milho pisado por duas vizinhas...
O Bispo da nossa zona pastoral, D. José Policarpo, presidiu à celebração. Alguns membros da autarquia estiveram presentes.

A seguir foi a grande batucada

A vida continua.
Com a ajuda de amigos do exterior organiza-se a alfabetização de adultos.

    

Nasce a primeira comissão de moradores

    

Até que a 10 de Novembro de 1992, trinta e três barracas são derrubadas sem pré-aviso.

    

A presença da Fraternidade com um grande número de amigos solidários e dos nossos vizinhos permite que isso pare.

Legalmente os nossos amigos não têm direito... mas eles são pessoas humanas...
Com o apoio e a participação de muitas pessoas vindas de longe e de perto organiza-se, no dia 12 de Dezembro de 1992, uma grande vigília de solidariedade.
Todos os diferentes grupos étnicos têm vez e voz.

    

D. Januário está com a população: escuta e encoraja...

    

A conclui-la temos, pela meia noite, um grande cortejo por entre os escombros, iluminados pelas velas e pelas grandes fogueiras das famílias ciganas...

    

E todos eram convidados a enviar um cartão de Boas Festas ao Primeiro-ministro.

Em Junho de 1993, no seguimento do Decreto-Lei nº 163/93, que estabelece o PER (Programa Especial de Realojamento), a Câmara de Loures inicia o recenseamento na Quinta.

O bairro está na entrada de Lisboa.
Para a EXPO 98 convém embelezar e equipar a capital com novos acessos.

Depois os vizinhos começam a ser realojados. Entretanto a água e a electricidade são finalmente legalizadas.
Espera-se que, dentro de dois anos, toda a gente esteja realojada.

Mas o recenseamento só abrange os que foram inscritos em 1993...

HOJE ano de 2007... 14 anos depois

O dono do terreno quer recuperá-lo.
Os projectos do promotor e da Câmara não são oficialmente conhecidos.
Os vizinhos recenseados têm a oportunidade de comprar casa com apoios do Instituto Nacional de Habitação (INH), da Câmara e pela primeira vez, do proprietário.
É uma boa proposta.
Mas a instabilidade e a precariedade do trabalho são grandes, no meio da crise económica do país, que provoca o desemprego.
Numerosos vizinhos emigram mais uma vez...

E para a outra parte da população, alguns instalados há treze anos, mas não recenseados, que oportunidades lhes restam?

Será que há uma parte do terreno reservado para habitações acessíveis às fracas posses económicas de famílias ou trabalhadores nacionais e imigrantes ?

Será que a história se vai repetir ?

Quem vai ter a coragem de demonstrar que isso não é uma fatalidade ?

"Temos meios para remediar a pobreza e, se o não fizermos
isso constitui uma violação dos direitos humanos".

Isto dizia Pierre Sane, Sub-Director Geral da UNESCO, convidado pela CNJP para a Conferência Nacional de 25 de Maio de 2007.
"Hoje existe o suficiente para assegurar que todos possam viver uma vida com dignidade".

Trata-se de uma questão de partilha.

"Esta partilha que encontra entraves:
- na falta de uma redistribuição adequada
- nas políticas económicas injustas
- na ausência de solidariedade nos países e entre os países."


Que vamos fazer para que isso aconteça?

Publicado em Julho de 2007

Irmãzinhas de Jesus
Travessa da Fraternidade, Nº 12
Quinta da Serra
2685-390-Prior Velho
Telf: 219 410 336

Website das irmãzinhas de Jesus:
www.portal.ecclesia.pt/ecclesiaout/irmazinhasdejesus/index.html

Ver também a Galeria de Fotos da Paróquia

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